20 DE NOVEMBRO: A CONSCIÊNCIA DE SER AFRICAMOS
Por: José Iramar*
O Brasil, com cerca de 70% da população afro-brasileira, tem o segundo contingente negro do planeta, só superado pela Nigéria. Na atual conjuntura social e política não se pode pensar a história e o futuro do País sem a presença do negro e da negra. A nossa questão racial, que sempre foi “jogada pra debaixo do tapete” sob os argumentos que “vivemos numa democracia racial”, caiu por terra, não mais se sustenta. A discussão desta temática já é uma propriedade das ruas, escolas, rodas de conversas e outros ambientes formais e informais. Nunca se discutiu tanto sobre racismo, preconceitos e discriminação racial quanto nestes últimos dez anos e isto é muito bom para a democracia brasileira. A data 20 de novembro, começou a ser celebrada em Porto Alegre-RS na década de 70. Uma proposta do poeta, professor e militante do movimento negro Unificado – MNU - Oliveira Silveira, Esta data, para os movimentos negros brasileiro, tem um significado de união em torno de uma causa, tanto quanto de um posicionamento político, pois, nesta data é lembrado o maior líder quilombola de todas as resistências negras de todos os tempos - Zumbi dos Palmares, que foi assassinado pelo bandeirante Domingos Jorge Velho em 20 de novembro de 1695. O Quilombo dos palmares durou cerca de 60 anos e foi a maior e mais longa contestação à ordem escravista em todo o mundo. Palmares abrigou cerca de 20 mil habitantes negros, índios e brancos pobres que subiam a serra da barriga em busca de liberdade e viver dignamente. Graças à militância dos movimentos negros, chegamos atualmente com grandes conquistas entre tantas podemos citar: homologação da lei 10.939 de 09/01/2003, que insere na grade curricular do ensino fundamental e médio a história da África e a Cultura do Negro no Brasil; Cotas nas universidades brasileiras para negros e por último a aprovação pelo Congresso Nacional do Estatuto da Igualdade Racial. Em 222 cidades Brasileiras já é instituída a lei do feriado municipal para comemorar o dia Nacional da Consciência Negra. Em 1995, quando os movimentos negros brasileiro comemoravam em Brasília os 300 anos da Morte de Zumbi, No Estado do Tocantins era criado o GRUCONTO – Grupo de Consciência Negra do Tocantins, o primeiro grupo do movimento negro organizado do Estado. Que tem atuação desde sua criação na área da educação e nas comunidades negras urbanas e rurais. Neste 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, convocamos todos os cidadãs, de todas cores e tribos para a nossa consciência de Africamos e afros brasileiros.
VIVA O POVO NEGRO.!
*José Iramar é coordenador de formação do Quilombo Estadual do GRUCONTO, Educador social, Acadêmico de teatro- UAB/UnB, músico e produtor Cultural.
Obs: a palavra AFRICAMOS é proposital: auto-afirmação de se reconhecer como negro e assumir a nossa africanidade.
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